A Umbanda é um religião brasileiríssima e surgiu no início do século 20 sincretizando elementos católicos com doutrinas esotéricas, espírita-kardecistas, pajelança/xamanismo brasileiro, cultos africanistas e magia cerimonial.
Na Umbanda se aprende a conviver com Jesus Cristo, o centro de todo o culto e altar, assim também com os santos católicos, índios (caboclos), os negros (pretos-velhos), o povo de rua (exus, malandros, etc.), os espíritos de luz (influências do kardecismo), os povos do Oriente, enfim, com toda a comunidade sócio-espiritual, sem exclusões. É a "unidade na diversidade" que muitos falam, mas poucos praticam.
O feriado de hoje, na cidade do Rio de Janeiro, tem um elemento simbólico interessantíssimo. Ele marca a unidade prática entre cristãos católicos, protestantes (que admiram o mártir Jorge como um dos que tombaram na defesa da fé) e religiões afro-brasileiras que identificaram na história do "santo guerreiro" uma associação com o seu orixá Ogum.
Penso que Jesus Cristo - ou o "Pai Oxalá" como é chamado na Umbanda e no Candomblé - deve estar feliz vendo Seu povo cantando, rezando, louvando e seguindo exemplos de luta e fé, de amor à causa do bem e resistência diante dos poderosos.
O exclusivismo soteriológico cristão ainda é muito forte. A ideia de que não existe "salvação" fora dos muros eclesiásticos ou fora da fé em Cristo - conforme interpretação dada pela ortodoxia - é uma questão de grande apelo nas massas evangélicas e em amplos setores católicos mais conservadores, por outro lado, sabemos que o Espírito divino sopra onde quer (S. João 3:8) e o Reino de Deus é inclusivo (cf. S. Mateus 25). O seu único critério de exclusão é a falta de amor, a ausência de caridade.
Chega de fundamentalismos biblicistas e guerras "em nome da fé". Oro, como Jesus orou, "para que todos sejam um, Pai, como Tu estás em mim e eu em ti" (S. João 17:21).
Vamos com isso dar uma chance para paz e a convivência, dando glórias a Deus pela vida de s. Jorge e dançando com Ogum (quem sabe, um dos anjos do Senhor!) para que nos proteja de todas as flechas dos nossos adversários, especialmente, dos nossos "demônios internos".
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