Uma das características do
pentecostalismo – incluindo o chamado neopentecostalismo – é sua proliferação
através de movimentos de rupturas e dissidências. Aqui mesmo no Brasil, ele
começou com a Assembleia de Deus e Congregação Cristã no Brasil, mas logo se
multiplicou em inúmeras denominações nas mãos de pastores, bispos, apóstolos,
profetas e novos messias: Casa da Benção, Evangelho Quadrangular, INSJC, O
Brasil para Cristo, Igreja Universal, Igreja da Graça, Sara Nossa Terra, as
diversas “renovadas” etc. Somam mais de 35 mil nomes!
Os pentecostais acreditam que é a
verdadeira igreja primitiva, uma ressurreição dos tempos apostólicos onde o
Espírito Santo atuava com mais plenitude. Nesse raciocínio, as igrejas
protestantes e reformadas eram vistas como espaços “sem o poder do Espírito
Santo”, cristãos “não avivados”, portanto, mortos.
Essa concepção de que os outros são “cristãos
mortos” é estranha ao Novo Testamento, aliás, como diversas outras doutrinas
pentecostais. Vejamos o que diz Paulo em Romanos 8:15:
Porque o Espírito que vocês
receberam de Deus não torna vocês escravos e não faz com que tenham medo. Pelo
contrário, o Espírito torna vocês filhos de Deus; e pelo poder do Espírito
dizemos com fervor a Deus: "Pai, meu Pai!"
O Espírito que vocês receberam (está
no passado!), portanto, todos aqueles que clamam a Deus com fervor assim o
fazem sob o poder do Espírito, pois estes receberam de Deus o Espírito. Não há
mais medo e nem escravidão, mas liberdade.
Na primeira carta aos Coríntios
(3:16), Paulo confirma:
Certamente
vocês sabem que são o templo de Deus e que o Espírito de Deus vive em vocês.
Certamente, todos os que creem são
habitados pelo Espírito divino, portanto, onde está à necessidade de outro
batismo, um “batismo do Espírito Santo”, se cremos em Jesus e cremos em Deus?
O chamado dom de línguas tinha uma
utilidade fundamental nos tempos primitivos do Cristianismo, pois ajudava a
unir quatro grupos diferentes:
a) os que vinham do judaísmo, Atos
2;
b) os samaritanos, Atos 8.17;
c) os gentios, Atos 10.46;
d) os discípulos de João Batista,
Atos 19.6;
Além disso, o falar em línguas
estrangeiras sem conhecimento prévio destas (xenoglossia) era um sinal
extraordinário da presença de Deus naqueles apóstolos, dando um testemunho da
verdade de sua mensagem eterna, pois “havendo línguas cessarão” (1Cor 13:18). Esse
dom de línguas do Novo Testamento é coisa bem diferente das gritarias e
expressões esquisitas que desde a criação do movimento pentecostal chamam de “dom
de línguas”.
Durante as reuniões da igreja, dois ou três
tinham a permissão para falar em línguas, um por sua vez, e a mensagem tinha
que ser traduzida, para que o restante da igreja pudesse entender. Quão
diferente disso é o que vemos hoje! Ao invés de idiomas reais, ouvimos tolices
– meros sons sem sentido – e com frequência, na confusão de muitas pessoas
tagarelando ao mesmo tempo. Isso é caos, não o Espírito de Cristo. Por favor,
que ninguém lhe engane sobre isso[1].
O pentecostalismo se coloca como um “cristianismo
de experiência”, uma vivência íntima com o Espírito Santo. A maioria
pentecostal tem ojeriza pela reflexão teológica racional, pois os sentimentos e
as experiências (o “testemunho pessoal”) são mais importantes, porque “Deus
fala diretamente comigo”.
Cristo
nos libertou para que nós sejamos realmente livres. Por isso, continuem firmes como pessoas livres e não se
tornem escravos novamente. (Gálatas 5:1)
Aqueles que têm fé já tem o Espírito
(cf. Rm 8:9 e 1Cor 12:13) e não necessitam de nenhum “batismo de fogo” transcendental.
Somos livres e não queremos uma nova escravidão imposta por doutrinas estranhas
ou por líderes carismáticos-populistas. O nosso chamado é para viver o amor,
servindo-nos mutuamente, movidos pelo Espírito do Cristo formamos um só corpo
que é a Igreja de Cristo.
Assim,
também, todos nós, judeus e não-judeus, escravos e livres, fomos batizados pelo mesmo Espírito para formar um só
corpo. E a todos nós foi dado de beber do mesmo Espírito.(1Cor 12:13)
Porém vocês,
irmãos, foram chamados para serem livres.
Mas não deixem que essa liberdade se torne uma desculpa para permitir que a
natureza humana domine vocês. Pelo contrário, que o amor faça com que vocês
sirvam uns aos outros.(Gálatas 5:13)
A carta de uma senhora de idade encaminhada
ao reverendo Jonh MacArthur Jr é um testemunho inequívoco do que o
pentecostalismo pode fazer com uma pessoa:
“Você sabe que vivemos toda a nossa
vida nesse movimento e uma coisa que domina esse movimento é isso: que Satanás
é soberano. Se você adoece, foi o diabo. Se seu filho fica doente, foi o diabo.
O diabo fez seu filho adoecer. E mesmo que seu filho morra, Satanás de alguma
forma tem a vitória. Se o seu cônjuge, seu marido ou esposa desenvolve um
câncer, foi o diabo que fez isso. Se você sofre um acidente, o diabo fez isso.
Se perde o seu emprego, foi o diabo também. Se as coisas não saem da forma como
você queria na sua empresa ou família, e você termina perdendo o seu emprego ou
se divorciando – o diabo fez tudo isso. O diabo precisa ser amarrado e assim,
você precisa aprender essas fórmulas, pois você tem que prender o diabo, ou ele
realmente irá controlar tudo em sua vida. O diabo domina tudo, e ele é
assistido por essa força massiva de demônios que devem ser confrontados também,
e você precisa fazer tudo o que pode para tentar vencer esses poderes
espirituais, e como eles são invisíveis, rápidos e poderosos, é realmente
impossível que você lide com eles de uma vez por todas, de forma que essa é uma
luta contínua e incessante com o diabo.
Eu vivia com palpitações no coração,
ataques de pânico, ansiedade, pesadelos – andando no meio da noite com medo que
o diabo poderia estar fazendo algo com meu filho, quando ele ia se deitar. Eu
vivia nesse constante terror do que Satanás estava fazendo; quando a pessoa
errada era eleita, foi Satanás quem o colocou ali. Quando a sociedade tomava
certa direção, era tudo sob o controle de Satanás. Satanás é realmente o
soberano de todas as coisas e é muito difícil tirar o controle dele – mesmo
Deus está retorcendo Suas mãos, tentando obter o controle dessa situação. Eu
vivia com esse medo e terror, pois levava minha igreja [pentecostal] muito a
sério”.
Eu creio em Cristo, creio na vitória
final de todo o bem (pós-milenismo), creio que todas as pessoas de fé já têm o
Espírito Santo em seu coração e que Deus está no governo de todas as coisas,
repito, todas as coisas, mesmo aquelas que me parecem estranhas, mesmo quando
não encontro uma compreensão adequada ao meu conhecimento humano, por isso
mesmo, jamais poderia crer em diabos que tudo governam.
Observação: O meu objetivo com esse
pequeno texto é esclarecer um posicionamento teológico, por favor, não
interpretem como uma ofensa pessoal a um pentecostal ou como um gesto
antiecumênico. Tenho vários amigos e amigas que são membros de igrejas
pentecostais e nossa amizade não anula meu direito de discordar de tais
doutrinas.
Bom dia.
ResponderExcluirVocê em seu comentario falou muitas verdades sobre o pentecostalismo ou os pentecostais.
Sou pentecostais e também creio que tem muita baboseira, coisas de cabeça de homens.
Mas uma coisa não concordo contigo a não ser que me prove no que diz respeito que os pentecostais ressuscitaram o diabo,que isso não é assim
Me explica então, essa criminalidade, falta de amor, vícios homosexualismo contrariedade naquilo que Jesus falou. Se isso não é obra do diabo de quem será? Coisa que os pentecostais combate ferrenhamente. Se não é obra do diabo é obra de quem? De alguma entidade que se acha no direito de escrever tudo que pensa e dizer ironias porque não crê assim? Que é obra do diabo para você? ou no teu entendimento o diabo é mais um desses mitos como costumam dizer, é coisa dos pentecostais.
Me dê uma definição o que é o diabo.
Abraço em Cristo Jesus.