quarta-feira, 19 de outubro de 2011

OS "CANDIDATOS DE JESUS" PARA 2012

No próximo ano, em outubro, teremos em todo o Brasil as eleições municipais onde os cristãos, como todos os outros cidadãos, serão chamados para votar em um vereador(a) e um prefeito(a).

Esse é um momento muito importante para apoiarmos aqueles/aquelas que tem um compromisso ético-político com a transformação social do nosso país, começando pelas cidades. Os cristãos, pelo menos em tese, deveriam votar de acordo com os valores do Reino de Deus: paz, justiça, radicalidade democrática, socialização, defesa dos mais fracos e oprimidos, etc.

É estranho ao Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo um cristão fazer barganha com o seu voto em troca de benefícios pessoais, pois o nosso foco é o amor ao próximo, o bem comum. Sendo assim, precisamos ter muita atenção com os "candidatos de Jesus" que começam já a se movimentar nos bastidores dos partidos políticos, em especial os da direita-conservadora.



Meu amado, minha amada, o "candidato de Jesus" é todo aquele/aquela que tem um compromisso ético-político com os valores do Reino de Deus, com a justiça social, com os mais pobres e abandonados. É nesse sentido que, mesmo um candidato não tendo uma religião, pelas suas ações concretas - veja o conceito de Graça Comum em Calvino - ele pode ser até mais indicado para assumir uma função de vereador/vereadora ou de prefeito/prefeita do que aquele/aquela que adora dizer "sou de Jesus", mas no cotidiano político é um desastre monumental.

Paul Tillich, um grande teólogo luterano, nos diz em sua "Teologia Sistemática" que:

"(...) a Presença Espiritual se utiliza de meios anti-religiosos para transformar não só a cultura secular, mas também as igrejas. O poder da autocrítica no princípio protestante capacita o protestantismo a reconhecer a liberdade do Espírito em relação às igrejas, inclusive em relação às igrejas protestantes" (p.689).

Diz a Palavra que "o vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai" (João 3:8) e que "o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade". (2 Coríntios 3:17).

Somos livres e o Espírito d'Ele é um vento que sopra "onde quer" (perceba aqui Sua ação soberana), inclusive naqueles/naquelas que não são necessariamente religiosos ou cristãos. Não estou dizendo que temos que votar em candidatos não-cristãos e fora da membresia de uma igreja, estou apenas relativizando esse critério como algo "divino".

As igrejas não tem candidatos oficiais, ou melhor, não deveriam ter, ainda que cada cristão em particular e de acordo com sua consciência e valores tenha a liberdade de se filiar a um partido político e candidatar-se a qualquer cargo.

As comunidades de fé (presbiterianos, batistas, anglicanos, luteranos, ortodoxos, católicos romanos, reformados, etc.) devem sim apoiar todas as iniciativas que possam ajudar na ampliação do Reino de Cristo nesse mundo (a dialética do aqui/ainda não), mas sem com isso criar um novo coronelismo do "candidato oficial dos irmãos", até porque, sejamos honestos, há muitos "crentes" safados, aliados da burguesia, lacaios dos empresários ímpios e sem escrúpulos, agentes do grande capital - acompanhem o trabalho e como votam a "bancada evangélica" e a "bancada católica" no Congresso Nacional e medite nisso.

Tem "crente" buscando no processo eleitoral uma chance de conseguir uma "boquinha" para os seus e/ou favorecer denominações ao invés de pensar nos interesses dos trabalhadores e oprimidos. Já existem muitos que foram eleitos no passado com esse discurso do "vote em mim irmão, sou de Jesus" e os resultados concretos foram tristes, em alguns casos, espantosos e vergonhosos para a Igreja de Cristo nesse mundo. É nesses esqueminha que vamos votar ano que vem?

Analisemos a conduta dos candidatos, sua história de vida e não sigam aquilo que os seus pastores (reverendos ou padres) possam impor como "o candidato de nossa igreja", mas vivam a liberdade do Evangelho de votar de acordo com sua consciência de cristão, cativo aos valores da Palavra. Fique atento, eles já estão andando por aí pelas igrejas.


"Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão". (Gálatas 5:1)

Não aceite ser um instrumento de interesses particulares, use a liberdade que Cristo nos deu pela Sua Graça, tenha fé e não se renda a nenhum tipo de servidão, nem eclesiástica. Somos servos apenas de Jesus e de ninguém mais, ainda assim, Ele dispensou esse título dizendo:

"Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer". (João 15:15)

Se agora, na Nova Aliança, somos amigos e amigas de Jesus Cristo, por que seremos conduzidos como "boiadas" para votar no candidato "A" ou no candidato "B" só porque a liderança religiosa deseja?


Eu oro assim: Que o Espírito do Senhor nos ajude a discernir a verdadeira Presença Espiritual, aquelas pessoas que verdadeiramente estão compromissadas com um outro modelo societário - e não só em época de eleição. Pessoas que nas suas ações sociopolíticas busquem sempre o bem comum, dentro dos valores éticos do Reino de nosso bondoso Pai e Senhor Jesus Cristo. Amém!

Um comentário:

  1. Você conseguiu! Foi exatamente o que passei e pensei naquele triste momento dentro da Igreja. Muito bom!

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